Minha vida sempre foi um caminho reto, um corredor liso de expectativas. Meu nome é Luiza, sou estudante de medicina, tenho 24 anos e moro no Moinhos de Vento, um bairro agradável de Porto Alegre.
A despeito do meu ambiente propício e minha inteligência, minha baixa autoestima sempre foi uma pedra no meu sapato. Pressões acadêmicas e familiares me levaram a buscar alívio nas drogas.
Eu também tenho um vício em trabalho. A necessidade de me sentir digna só vinha quando eu estava me dedicando ao extremo aos estudos. Era um círculo vicioso: quanto mais eu estudava, mais pressão sentia; quanto mais pressionada, mais usava drogas; quanto mais drogas usava, mais precisava estudar. Até que alguém resolveu me ajudar.
Tia Marlene, a única que parecia enxergar além das minhas máscaras, decidiu intervir. Diferente da maioria da minha família, ela não fazia parte do mundo acadêmico, era artista plástica e espírita.
Com a sensibilidade de um anjo, ela passou a me mostrar que existiam outras alternativas para a minha dor.
Ela me apresentou a um renomado centro de reabilitação para dependentes químicos na Serra Gaúcha, conhecido pelo excelente trabalho e terapias complementares.
Ainda relutante, após uma conversa cheia de amor e empatia, acabei aceitando sua proposta.
Os primeiros dias foram os mais difíceis. Sentia-me fraca, quase abandonada. Mas, aos poucos, comecei a perceber que estava ganhando força, que estava me tornando mais resiliente.
Durante o tratamento, me encantei pela pintura. Seguindo os passos da Tia Marlene, percebi que a arte era uma maneira de expressar minhas emoções e reconectar com meu eu interior.
Entendi, finalmente, que não precisava ser perfeita, que podia errar e ainda assim ser amada e bem-sucedida.
Assim, na escuridão do meu vício, encontrei uma luz de esperança. Pude perceber que a pressão externa não tinha que moldar minha vida e que eu tinha a força necessária para superar meus problemas.
Hoje, continuo reconstruindo minha vida, mas agora de uma forma mais saudável, tanto mental quanto fisicamente.