Meu nome é João Montalbán, tenho 34 anos e sou o orgulhoso proprietário de uma bem-sucedida desentupidora aqui em Campinas, São Paulo.
Resido em uma casa modesta no Bairro do Taquaral, onde o canto dos pássaros e a brisa fresca oferecem um respiro necessário após dias de trabalho árduo.
Empresário por vocação, sempre fui conhecido por minha energia e pela habilidade de trazer alívio às situações mais complicadas.
Mas por trás do sorriso amigável e da confiança aparente, eu escondia um segredo sombrio: minha dependência de opioides, que se iniciou após um acidente de trabalho.
Numa noite, após um longo dia de compromissos, cruzei com um rosto familiar. Pedro, um antigo amigo e colega de escola, agora era médico.
Sob o olhar atento de Pedro, em um raro momento de vulnerabilidade, revelei minha luta silenciosa contra a dependência.
Pedro, com sua serenidade habitual, falou-me sobre uma clínica especializada em reabilitação para dependentes de opioides localizada na Serra do Japi, um refúgio de serenidade e renovação. No início, hesitei.
O medo do desconhecido, a possibilidade de me afastar do negócio, o estigma associado à reabilitação… Mas eu sabia que precisava de ajuda. Foi então que compreendi o verdadeiro significado do ditado: “Não é a força do golpe que derruba, mas a persistência do vício”.
Influenciado pelas palavras de Pedro, decidi me internar na clínica. Os primeiros dias foram uma prova de fogo.
A abstinência, a solidão, a angústia de estar longe do meu negócio quase me derrubaram. Mas, pouco a pouco, graças ao apoio da equipe médica, dos terapeutas e, sobretudo, de Pedro, comecei a vislumbrar a luz no fim do túnel.
Foi na clínica que percebi que a chave para a recuperação não estava na dor, mas na aceitação. Aceitar minha vulnerabilidade, minha condição humana, meu vício. Gradualmente, comecei a sentir-me mais forte, mais consciente de quem realmente sou.
E, ao deixar a clínica, percebi que minha vida, meu trabalho, que tanto amava, não era mais uma fonte de estresse, mas uma extensão genuína de quem eu sou. Eu sou João Montalbán, o empresário, o sobrevivente, o lutador.
Aprendi que, por mais que a vida nos derrube, sempre podemos nos levantar. E que, apesar de todas as nossas lutas, a verdadeira paixão, o trabalho honesto, é a cura para a alma.
Hoje, continuo minha jornada com um novo olhar, consciente da minha força e resiliente como nunca.
Porque agora sei que a persistência do vício pode ser forte, mas a vontade de viver é ainda mais.